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Shunt Portossistêmico em Pequenos Animais

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Blog: Shunt Portossistêmico em Cães e Gatos – O Que É e Como Tratar?

O shunt portossistêmico (PSS) é uma condição que afeta a circulação hepática de cães e gatos, caracterizada pelo desvio do sangue do trato gastrointestinal diretamente para a circulação sistêmica, sem passar pelo fígado. Este desvio impede a metabolização adequada de toxinas e nutrientes, podendo causar sérios problemas de saúde. No blog de hoje, abordamos os sintomas, diagnóstico e opções de tratamento para o shunt portossistêmico em pequenos animais, explicando como o manejo adequado pode melhorar a qualidade de vida dos pets afetados.

O Que É o Shunt Portossistêmico?

O shunt portossistêmico (PSS) é um distúrbio vascular congênito ou adquirido que redireciona o sangue do sistema porta (que normalmente leva sangue ao fígado) diretamente para a circulação sistêmica, sem a passagem pelo fígado. Isso impede que o fígado metabolize toxinas, amônia e outros subprodutos, o que pode resultar em encefalopatia hepática e outros sintomas graves.

Existem diferentes tipos de PSS:

  1. PSS Congênito: Geralmente presente desde o nascimento, podendo ser intra-hepático (dentro do fígado) ou extra-hepático (fora do fígado).
  2. PSS Adquirido: Surge como consequência de doenças hepáticas crônicas que causam hipertensão portal, levando ao desenvolvimento de desvios como uma adaptação patológica​.

Principais Sinais e Sintomas de Shunt Portossistêmico em Pets

Os sintomas de PSS variam conforme a gravidade e o tipo de desvio. Entre os sinais mais comuns estão:

  • Alterações neurológicas: Tremores, andar em círculos, convulsões, letargia e, em casos graves, coma.
  • Problemas digestivos: Vômitos, diarreia, anorexia, úlceras gastrointestinais e salivação excessiva (mais comum em gatos).
  • Sintomas sistêmicos: Poliúria, polidipsia, nanismo, icterícia, abdômen distendido e intolerância ao exercício​.

Esses sinais são causados pelo acúmulo de toxinas, especialmente amônia, que afetam o sistema nervoso e outros órgãos.

Como Diagnosticar o Shunt Portossistêmico?

O diagnóstico de PSS envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem:

  1. Exames Laboratoriais:

    • Perfil Hepático: Aumento das enzimas ALT e AST, indicativas de lesão hepática.
    • Amônia e Ácidos Biliares: Altos níveis de amônia e de ácidos biliares são marcadores de insuficiência hepática.
    • Ureia Baixa e Hipoalbuminemia: Refletem a falha do fígado em metabolizar adequadamente proteínas e toxinas.
  2. Exames de Imagem:

    • Ultrassonografia com Doppler: Ajuda a identificar desvios vasculares e a observar o fluxo sanguíneo.
    • Cintilografia e Tomografia: Técnicas avançadas que permitem confirmar a presença do desvio e planejar a cirurgia.
  3. Exames de Urina:

    • Cristais de Urato de Amônia: Encontrados em pets com PSS devido à incapacidade de metabolizar amônia corretamente, resultando na formação de cristais urinários​.

Esses exames são essenciais para diferenciar o PSS de outras doenças hepáticas e neurológicas.

Tratamento do Shunt Portossistêmico

O tratamento do PSS pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da gravidade e tipo de desvio:

  1. Tratamento Clínico:

    • Controle Dietético: Dietas com proteínas de origem vegetal (ex.: soja) e baixo teor de gordura ajudam a reduzir a produção de amônia.
    • Lactulose: Medicamento que reduz a produção de amônia no intestino.
    • Antibióticos: Reduzem a flora bacteriana produtora de amônia.
    • Diuréticos: Como espironolactona, ajudam a controlar a ascite em casos de hipertensão portal.
  2. Tratamento Cirúrgico:

    • Ligadura do Vaso Anômalo: Técnica cirúrgica que fecha o desvio portossistêmico, forçando o sangue a passar pelo fígado.
    • Anel Ameróide: Dispositivo colocado ao redor do vaso desviado que oclui gradualmente, permitindo ao fígado se adaptar ao novo fluxo sanguíneo.

A cirurgia é indicada especialmente em casos de PSS congênito com desvio único, sendo a chance de sucesso maior nesses casos. Complicações pós-operatórias incluem hipoglicemia e tromboembolia, que exigem monitoramento cuidadoso​.

Cuidados para Tutores de Pets com PSS

Para tutores de pets com PSS, é fundamental entender que o manejo e acompanhamento são contínuos. Aqui estão algumas recomendações importantes:

  • Alimentação Controlada: Utilize dietas recomendadas pelo veterinário e evite proteínas de origem animal que podem agravar os sintomas.
  • Monitoramento Regular: Realize exames periódicos para acompanhar a função hepática e ajustar o tratamento.
  • Atenção aos Sintomas: Observar alterações no comportamento, como desorientação e letargia, e comunicar ao veterinário imediatamente.

Esses cuidados ajudam a manter a qualidade de vida do pet e evitam complicações mais graves.

Perguntas Frequentes

1. O shunt portossistêmico pode ser curado?

Em muitos casos, o PSS congênito pode ser corrigido cirurgicamente, especialmente em casos de desvio único. O PSS adquirido, porém, é mais complexo e geralmente requer manejo clínico contínuo.

2. Como saber se meu pet precisa de cirurgia?

A decisão depende do tipo e gravidade do PSS. O veterinário avaliará os exames e discutirá com o tutor as opções e prognósticos.

Conclusão

O shunt portossistêmico é uma condição séria que exige um diagnóstico e manejo criteriosos para garantir a melhor qualidade de vida ao pet. Se você notar sintomas como convulsões, letargia e problemas digestivos no seu cão ou gato, procure um veterinário especializado para realizar os exames necessários e discutir as opções de tratamento. Com acompanhamento adequado, é possível gerenciar a condição e proporcionar mais bem-estar ao seu pet.